Lightroom ou Photoshop?

A Revista Fotografe Melhor deste mês (Junho/09) me pediu para comparar Lightroom x Photoshop. É uma matéria interessante com mais 4 especialistas. Vejam a minha opnião:

Lightroom x Photoshop

Primeiro, vamos deixar bem claro que eu sou fotógrafo e por isso uso o Lightroom. Antes do LR, eu era obrigado a usar aquele elefante branco chamado Photoshop.

Em 1992 eu saí do Rio um final-de-semana e vim a São Paulo fazer um curso de Photoshop (versão 2.5). Achava que naqueles 2 ou 3 dias iria aprender tudo sobre o programa. Anos depois eu continuo aprendendo e subutilizando-o, simplesmente porque eu não preciso de grande parte de seus recursos.

O LR é um programa para fotógrafos. O PS é para todos os outros que trabalham com imagens (artistas, designers, produtores gráficos, cineastas, etc). Ele não foi feito exclusivamente para fotógrafos, muito menos para fotografia digital. A maior parte dos seus usuários não são fotógrafos, assim como grande parte de suas ferramentas também não foram feitas para nós. O PS existe desde o final dos anos 80, muito antes da popularização das câmeras digitais.

Antes da chegada do LR em 2007, tínhamos que combinar diversos programas para definir nosso fluxo de trabalho. Eu usava o Image Ingester, o Bridge ou o PhotoMechanic para edição; o Photoshop para tratamento; o Image Verifier e o Portfólio, para catalogação. Agora eu uso apenas o Lightroom e o Portfólio.

Muito raramente preciso do Photoshop, em geral apenas para recortes, quando necessários…mas isto prefiro deixar nas mãos dos assistentes e tratadores. O PS é necessário para todos que querem manipular imagens, com recortes, fusões, filtros, efeitos especiais, etc.

O fluxo de trabalho do fotógrafo é mais eficiente (qualidade, segurança e rapidez) no LR que no PS. Os 5 módulos do LR resolvem o meu fluxo: A importação das imagens, a edição, os ajustes (não gosto da palavra “tratamento”, pois se as imagem são bem capturadas não precisam de tratamento, embora sempre precisarão de ajustes – fundamentais quando se trabalha em RAW) e os módulos de saída, Print, Slide Show e Web.

O Lightroom incorporou novos conceitos – consolidados no UPDIG, organização internacional criada para dar diretrizes à fotografia digital.

Como todo novo programa, especialmente por partir de um conceito moderno de tratamento não destrutivo, alguns fotógrafos tem alguma resistência em mudar. Mas garanto que depois que migram não se arrependem. Muitos dos alunos em meus workshops dizem que a vida mudou da água para o vinho. E é verdade, o LR é bem mais amigável. Em pouco tempo, com alguma dedicação é possível dominar a maioria das ferramentas disponíveis.

Comparações

O LR ocupa metade do espaço do Photoshop e custa metade do preço. E tem, ao meu ver, mais recursos para fotógrafos do que o Photoshop tradicional.
O LR não trabalha direto nos pixels originais, mas paramétricamente – ou seja, ele é um imenso catálogo e mostruário do que a foto vai ser quando for exportada em um novo arquivo. Tudo o que fizermos fica registrado e sempre é possível voltar atrás, independente do tipo de arquivo (RAW, DNG, JPEG, TIFF, etc)
Para trabalhar de modo não-destrutivo no PS, é necessário criar layers de tratamento, tornando os arquivos muito pesados. O novo CS4 incorpora alguns recursos não destrutivos, mas ainda assim são mais limitados.
As fotos precisam ser importadas para o LR. Neste processo de importação muitos passos fundamentais para organização do acervo podem ser dados de uma só vez, com ganho de segurança e tempo: Backup em um segundo HD, organização automática em pastas e sub-pastas, inclusão de metadados no padrão internacional IPTC e palavras-chave, renomeamento de arquivos, além de aplicar predefinições de tratamento.
Os módulos de saída do LR – Web, Print e Slide Show são totalmente integrados aos outros dois módulos, a “Biblioteca” (que lembra o Bridge) e o “Revelação”, para ajustes e correções.

Conclusão

o LR atende as necessidade do fluxo de trabalho do fotógrafo e o PS é um complemento, para quem precisa de outros recursos. Seria ótimo ter os dois. Para fotógrafos, como eu, o LR é totalmente fundamental. O PS, um bom complemento.

O Lightroom é um programa relativamente novo e carece de alguns ajustes. Não é o caso de detalhar minha lista de desejos, mas ele leva desvantagens no quesito catalogação quando comparado com programas que só fazem isto, como o Extensis Portfólio, a Suite Fotoware ou o Expression Media. O Slide Show podia ter mais recursos. E no mais, pequenos detalhes que, espero, serão melhorados nas próximas versões.