As Trevas da Fotografia

Os acervos de fotografias digitais explodiram nos últimos 10 anos, seja pela digitalização de arquivos físicos seja pela produção digital original. Nunca se fotografou tanto. Os meios eletrônicos permitem a difusão de forma instantânea e relativamente barata. O que seria motivo de comemoração é motivo de preocupação.

Nunca se perdeu tanta informação. O grande responsável não são os arquivos públicos – que sempre foram poucos, pobres e insuficientes. Os fotógrafos, que ao meu ver deveriam ser os primeiros interessados na preservação e na difusão – até como forma de ganhar dinheiro em bancos de imagens, conhecem pouco do assunto e parecem estar mais interessados em produzir, produzir, produzir.

Além de deixar para depois a atenção necessária à guarda, ainda são pouco informados tecnicamente (de modo geral) e produzem arquivos de má qualidade.

Juntando-se isso ao desconhecimento sobre metadados, gera-se o caos. Vivemos uma era obscura para fotografia. Um paradoxo, já que nunca se fotografou tanto.

Sem informação de textos atreladas as imagens, elas em pouco tempo se transformam em montanhas de bites – lixo eletrônico. Estas informações – dados sobre dados, metadados – devem estar sempre EMBUTIDAS nas imagens. A melhor forma de fazer isso, é embutí-las no momento da importação das fotos para o computador. Não dá nenhum trabalho embutir informações básicas. Depois, claro, as informações devem ser refinadas, colocando-se novas palavras-chave e melhorando as descrições. Mas as informações colocadas na importação já seriam suficiente para tirar a produção contemporânea das trevas!